Autismo X Probióticos

31/08/2012 17:13

Uma simples e curta frase pode mudar a nossa vida, rompendo com nossas expectativas, planos e até mesmo com o que consideramos “ideal de vida” e felicidade. Uma destas frases é: “Seu filho tem autismo”.  

O Transtorno do Espectro do Autismo é uma deficiência crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal da criança e se manifesta em geral antes dos 3 anos de idade, principalmente em meninos. O autismo apresenta diferentes graus segundo o comprometimento psiconeurológico, social e linguístico, características estas que prejudicam a interação social, a comunicação (linguagem é atrasada ou não se manifesta) e podem induzir a reações não usuais a sensações com ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e deglutir. Uma criança autista tem dificuldade de interagir com os outros, demonstra pouco interesse em se relacionar e não possui consciência social.

O autismo tem causa multifatorial, dentre eles podemos citar, interações genéticas, deficiências ou excessos nutricionais, exposição pré e pós-natal a substâncias químicas ou a vírus, falhas durante o processo de fechamento do tubo neural embrionário, disfunção do sistema imune e alergias.

E aí você deve estar se perguntando, o que os probióticos têm a ver com o autismo? Se você pensava que os probióticos auxiliavam apenas no bom funcionamento do seu intestino você está parcialmente correto!

Além de apresentarem sintomas psicológicos e neurológicos, os autistas, também apresentam sintomas como dor abdominal, constipação, diarreia e distensão abdominal devido, dentre outros fatores, a baixa qualidade da flora microbiana presente no intestino.

Em consequência disto é normal que as crianças apresentem deficiência nutricional, desconfortos abdominais e irritabilidade. Inclusive, é uma possível explicação para o repudio a algumas classes de alimentos como o leite e seus derivados, ou até mesmo a problemas como falta de concentração e capacidade de executar ordens.

Probióticos são microrganismos vivos que quando ingeridos melhoram o equilíbrio do trato gastrointestinal, ao estimularem a proliferação de bactérias benéficas em detrimento das bactérias patológicas (causadoras de doença). Além disso, são capazes de aumentar a absorção de nutrientes, característica esta extremamente interessante aos autistas.

A partir desta ideia, e visando a melhora da qualidade de vida dos portadores de autismo, foi realizada uma pesquisa com o intuito de avaliar o potencial dos probióticos na redução dos sintomas gastrointestinais. Assim, 22 crianças diagnosticadas com autismo, receberam iogurtes enriquecidos com probiótico (Lactobacillus acidophilus) duas vezes por semana durante 2 meses. Os resultados indicaram que ao fim do tratamento houve uma melhora significativa no comportamento das crianças avaliadas, tanto quanto a capacidade de concentração e execução de ordens.

Estudos pioneiros como este são importantes e devem ser estimulados, pois abrem portas para a melhor compreensão deste transtorno tão complexo e multifatorial, e, principalmente por serem uma via de melhorarmos a qualidade de vida destas crianças, que um dia, assim como você serão adultos e idosos.

Patricia Bachiega
Mestranda em Ciencia e Tecnologia de Alimentos 

 

Referências:

Kaluzna-Czaplinska, J.; Blaszczyk, S. The level of arabinitol in autistic children after probiotic therapy. Nutrition, v. 28, p. 124–126. 2012.

https://www.autismo.com.br/principal.php