Alimentos x Fadiga

15/10/2012 13:14

O alarme toca, mas os olhos não querem abrir, o dever e a responsabilidade chamam, mas o desânimo insiste em pregar o corpo na cama. Relutante, levanto ao perceber que estou atrasado. Satisfaço a fome o mais rápido possível de preferência com algo que possa comer enquanto me desloco. Estou atrasado, a agenda esta lotada as responsabilidades me pesam, não tenho tempo para o almoço, um fast food será a solução, só mais um pouco de café e termino, só mais um pouquinho. Volto para casa, estou exausto, não há animo para academia, não há animo para preparar o jantar, a cama me chama... O alarme toca.

O ritmo alucinante que vivemos exige preparação física e mental para enfrentar as atividades cotidianas. Hábitos saudáveis constituídos de alimentação de qualidade, exercício físico e atividades prazerosas são ferramentas chave para encarar a rotina com disposição e qualidade. No entanto, como descrito acima quebrar o ciclo não é tarefa fácil, requer muita autodisciplina e força de vontade.

Sendo assim, não são raros os indivíduos que apresentam cansaço e sonolência excessiva, dores e tensões musculares frequentes, dores de cabeça crônica, problemas gastrointestinais (flatulência e constipação), distúrbios comportamentais, depressão, ansiedade, déficit de memória e alergias. Todos, sintomas admissíveis da Síndrome de Fadiga Crônica (SFC), a qual devida sua sintomatologia complexa (como visto acima) nem sempre é diagnosticada pelos médicos.

A patologia evolui da fadiga aparente para o cansaço e finalmente exaustão profunda. São diversos os gatilhos que podem desencadear o desenvolvimento da doença, insatisfação pessoal, estresse, problemas no trabalho e ou família, reclusão social e dentre outros possíveis, o estilo de vida inadequado.

Enquanto a origem da fadiga pode ser multifatorial, há unanimidade em sua remediação. Dietas balanceadas, que evitam alimentos agravantes e são ricas em componentes anti-fadiga, aliadas ao um estilo de vida prazeroso e gratificante, são soluções cada vez mais prescritas e indicadas pelos especialistas da área. Desta forma, não é de se admirar que haja um crescente interesse na valorização de estudos que buscam nos alimentos componentes que amenizam o cansaço e a fadiga persistente.

Como bem sabemos, o nosso corpo necessita de um fluxo constante de energia, vitaminas, minerais e água. A energia consumida durante a execução de atividades em geral provêm do consumo de carboidratos. Contundo, enquanto os carboidratos complexos (presentes nos cereais integrais e demais vegetais) minimizam os sintomas da fadiga, os carboidratos simples (presentes em doces, farinha branca e lanches e salgados) favorecem os sintomas.

Isso porque, ao oferecerem a energia de maneira gradual os carboidratos complexos permitem um fluxo contínuo de energia para o organismo, evitando, portanto, o déficit energético e a consequente fadiga. O mesmo princípio classifica os alimentos ricos em cafeína como inadequados a uma dieta anti-cansaço. Pois, assim como os carboidratos simples, o estado excitatório inicial deriva do consumo energético acelerado do carboidrato glicose, o qual á longo prazo torna-se mais rapidamente indisponível para execução de tarefas. A cafeína, inclusive pode induzir a ganho de peso indesejado (consequência do aumento do apetite), insônia e irritabilidade quando consumida em demasia.

Os alimentos probióticos enriquecidos têm também se demonstrado excelentes no combate a fadiga. A neurociência entérica é um ramo da neurociência que estuda as relações entre sistema nervoso e o gástrico. As recentes descobertas demonstraram que existe uma comunicação entre as bactérias presentes no intestino e o sistema nervoso central, o que sugere que não somente o cérebro pode afetar o intestino, mas como este pode também influenciar o sistema nervoso central.

Pesquisadores documentaram que pacientes portadores da síndrome da fadiga crônica apresentam desequilíbrio na flora intestinal, com baixos níveis de Bifidobacterium e altos níveis de Enterococcos. Desta forma, diversos estudos têm comprovado que alimentos enriquecidos com probióticos (fonte de Bifidobacterium bactérias) ao favorecem o restabelecimento do equilíbrio auxiliam também na amenização dos sintomas SFC.

O cacau fonte rica de polifenóis, especialmente de flavonoides, foi considerada por Aztec Emperor Montezuma II (imperador asteca de 1502- 1520) como bebida divina, devido sua capacidade de restaurar a resistência e combater a fadiga. Segundo ele, um copo da preciosa bebida permitiria que um homem andasse o dia todo sem a necessidade de se alimentar novamente.

Meio milênio depois de Aztec ainda apreciamos o cacau, principalmente sobre a forma de chocolates. E o que comprovamos é que o chocolate, principalmente os com alto porcentual de cacau, reduzem os sintomas de fadiga através da modulação da produção de neurotransmissores como a serotonina, feniletilamina e anandamida sendo, portanto, indicado aos indivíduos portadores da SFC.

Uma pesquisa realizada em 2010 investigou o estilo de vida de indivíduos com SFC com intuito de estabelecer relações entre os hábitos de vida (alimentação, exercícios e consumo de tabaco e álcool) e a exibição dos sintomas. Foi constatado que dos 247 participantes, 23% fumavam, 32% tinham um índice massa corporal insatisfatória, 70% tinham consumo de gordura, fruta e vegetais inadequado, e nenhum deles foi considerado com padrões inadequados de consumo de álcool. Os dados obtidos ainda destacam que 95% dos indivíduos participantes da pesquisa tinham baixo consumo de fibras.

Por esta pesquisa e outras já realizadas na área fica clara a importância de uma alimentação saudável sobre os sintomas da SFC. Como os dados indicam a má alimentação quando comparada a outros fatores de risco como álcool e cigarros, foi mais agravante aos sintomas sendo, portanto, uma das principais vias a serem analisadas e modificadas. A importância do exercício físico sobre a fadiga também já foi investigada, e os resultados demonstram que a realização de atividades físicas prazerosas podem sim ser aliadas no combate a fadiga.

A forma milagrosa para o combate a fadiga ainda não foi encontrada, muitos alimentos tem se demonstrados aliados no combate aos sintomas da fadiga e quando atrelados a um estilo de vida saudável são ainda mais efetivos. Portanto, se você almeja maior disposição, animo ou amenizar os sintomas da SFC busque introduzi-los em sua dieta diária sem demasias.