Jabuticaba: além de saborosa, nutritiva.

08/08/2013 13:57

A jabuticabeira é uma árvore frutífera brasileira que floresce na primavera e no verão, produzindo uma grande quantidade de frutos. As flores formam-se em aglomerados por todo o tronco e ramos da planta, e quando fecundadas dão origem a jabuticaba.  Em Tupi o termo jabuticaba designa “frutas em botão”, pois assim como as flores, as frutas da jabuticabeira encontram-se distribuídas por toda a árvore em pequenos agregados.

A jabuticaba apresentar até 3 cm de diâmetro e tem  casca com coloração avermelhada á preta. Em contraste com a vivacidade do seu exterior a polpa é esbranquiçada e mucilaginosa, geralmente com uma única semente, porém pode conter até 4. Quanto ao sabor, muito apreciado por seus consumidores, a jabuticaba é um fruto doce com leve acidez.   

A jabuticabeira apresenta ocorrência espontânea em grande parte do Brasil, tendo maior ocorrência e produtividade na região sudeste.  O cultivo de jabuticaba estende-se desde o estado do Pará até o Rio Grande do Sul, porém as áreas que apresentam maiores produções são o estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Embora seja a jabuticaba bastante conhecida e apreciada em todo o país, o fruto é pouco comercializado, pois não apresenta valor comercial muito alto.  A jabuticaba é uma fruta altamente perecível que possui vida útil de apenas três dias, o que dificulta sua comercialização.  Esta alta perecibilidade se deve aos altos teores de umidade e açucares, assim como outros constituintes que levam a rápida degradação do fruto.

A jabuticaba, além de muito agradável ao paladar, é uma fruta rica em benefícios. Em sua composição encontra-se em grandes quantidades niacina, ferro e flavonoides, principalmente as antocianinas.

As antocianinas estão presentes principalmente na casca da jabuticaba, e são responsáveis pela coloração escura característica. Tais pigmentos são potentes antioxidantes e anti-inflamatórios, e exercem no organismo atividades antimutagênicas e quimio-preventivas.

Inclusive estudos científicos comprovaram existir uma relação positiva entre o consumo regular de frutas e vegetais, que contém em sua composição antocianinas, e a redução da incidência de certas doenças degenerativas, como o câncer e doenças cardiovasculares.

Além dos elevados teores de antocianinas a casca é também rica em pectina, fibra que dentre outras propriedades esta associadas à redução do mau colesterol sanguíneo.

Segundo a medicina popular a casca da jabuticaba é também útil contra diarreia, irritações da pele, tem propriedades antiasmáticas e é indicada contra a inflamação dos intestinos e hemoptise (expectoração sanguínea ou sanguinolenta através da tosse, proveniente de hemorragia respiratória, é comum a várias doenças cardíacas e pulmonares).

No entanto por apresentar sabor adstringente o consumo da casca de jabuticaba não é comum, apesar de ser recomendável quando o assunto é saúde. Alternativas interessantes para o aproveitamento desta matéria prima seria a produção de sucos, geleias e farinha para enriquecimento de bolos, biscoito e quem sabe pães.

Na polpa da jabuticaba são encontrados ferro, fósforo, vitamina C e niacina, uma vitamina do complexo B. A niacina auxilia na digestão e na eliminação de toxinas do nosso organismo.

 

 

 

 

A composição da jabuticaba e seus respectivos teores são exibidos na tabela a seguir, referente a uma porção de 100 g de fruta.

Além do consumo in natura, a jabuticaba pode ser consumida em sucos (industrializados, em pó ou natural), geleias, sorvetes, ou ainda sob a forma de licor, vinagre e “vinho”, os quais são produzidos através da fermentação da polpa do fruto.

Apesar de serem ótimas formas de termos o fruto durante todo o ano, a grande maioria destes produtos contem em sua composição elevados teores de açúcar e/ou álcool, e em geral perdem durante o processamento grande parte dos benefícios presentes na fruta in natura, não sendo ideais quando o intuito é a saudabilidade.

Na fabricação de geleias de jabuticaba, normalmente as cascas e sementes são desprezadas, representando uma perda de 50% do fruto. Um melhor aproveitamento dos subprodutos da jabuticaba seria, portanto, uma forma de agregar valor a essa fruta, valores esses que além de econômicos (incentivo ao produtor) e ambientais (redução da produção de resíduos) são também medicinais (rica em compostos bioativo).  

Infelizmente a jabuticaba possui, por enquanto, somente uma safra por ano, por isso não deixe de aproveitar essa época para consumi-la. E esperemos que com mais estudos e financiamentos possamos nos beneficiar com seu sabor e saudabilidade por todo o ano.

 

Alana Rodrigues

Graduanda do 7° semestre de Ciência dos Alimentos (ESALQ-USP)

Sob orientação da Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado.

 

Fonte:

PEREIRA, R. Revista Saúde- Editora Abril. Abril, 2005. https://saude.abril.com.br/edicoes/0259/nutricao/conteudo_87702.shtml

TUCCI, N. Estadão.com.br, publicado em: 13 de outubro de 2011. https://www.estadao.com.br/noticias/suplementos-paladar,jabuticaba-brasileira-ate-o-caroco,4683,0.htm

LIMA, A. J. B.; CORRÊA, A. D.; ALVES, A. P. C.; ABREU, C. M. .P.; DANTAS-BARROS, A. M. Caracterização química do fruto jabuticaba  (Myrciaria cauliflora Berg) e de suas frações. Universidade federal de lavras. 2008.https://www.alanrevista.org/ediciones/2008-4/pdf/caracterizacao_quimica_myrciaria_cauliflora_frac%C3%B5es.pdf

SILVA, M. C. Aproveitamento do resíduo do despolpamento da jabuticaba (Myrciaria cauliflora) para obtenção de pigmento com propriedades funcionais. Dissertação- faculdade de zootecnia e engenharia de alimentos da Universidade de São Paulo.2012.  https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/74/74132/tde-14032013-141427/pt-br.php

ASCHERI, D. P. R.;  ASCHERI, J. L. R.; CARVALHO, C. W. P. Caracterização da farinha de bagaço de jabuticaba e propriedades funcionais dos extrusados. Universidade Estadual de Goiás. 2006. https://www.scielo.br/pdf/%0D/cta/v26n4/28.pdf