Isoflavonas: mais um motivo para comer soja

24/09/2013 09:03

Nos dias atuais as pessoas tem percebido a importância de uma boa alimentação. O número alarmante de novos casos de doenças crônicas degenerativas (DCD) desencadeou o surgimento de problemas como a obesidade, colesterol, diabetes, pressão alta e até mesmo o câncer, chamando à atenção da população de como o alimento influencia no bem estar da saúde.

Alguns alimentos já tiveram seus efeitos amplamente demonstrados e comprovados pela área científica. Dentre esses estudos temos a soja que é um clássico exemplo conhecido no mundo dos funcionais. Essa leguminosa contém isoflavonas, saponinas, fitatos, inibidores de protease, peptídeos com baixo peso molecular, oligossacarídeos e ácidos graxos poli-insaturados. Além disso, esta semente também é fonte de minerais como ferro, potássio, magnésio, zinco, cobre, fósforo, manganês e vitaminas do complexo B. Dentre os componentes da soja, podemos destacar as isoflavonas, pois ela está em grande quantidade na leguminosa sendo que os dois principais compostos presentes são a daidzeína e a genisteína.  

As isoflavonas possuem atividade antioxidante, através da inibição da produção de oxigênio oxidativo que forma os radicais livres. Além disso, a genisteína está relacionada com o tratamento cancerígeno, pois ela é um potente inibidor da tirosina quinase cuja enzima está relacionada com a proliferação de células, inclusive as cancerígenas. Sendo assim, na presença de genisteína forma-se o efeito protetor contra o crescimento de células cancerosas que promovem o câncer de intestino e o de mama.

Outro fato também é que as isoflavonas estão relacionadas com a regulação hormonal da mulher, pois podem-se ligar aos receptores do estrógeno exercendo tanto a função antiestrogênica como estrogênica. Ou seja, as isoflavonas podem competir pelos mesmos receptores e, portanto tem efeito antagônico e agônico para os estrogênios, consequentemente traz benefícios à saúde hormonal da mulher durante sua vida reprodutiva. Lembrando que essa ação estrogênica e antiestrogênica depende das concentrações dos hormônios sexuais endógenos e das isoflavonas, além do órgão- alvo específico envolvido na interação dos receptores.

Alguns estudos mostram também que as isoflavonas diminuem a formação de placas de ateroma porque elas aceleram a excreção do colesterol. Sendo assim, a diminuição da formação de placas de gordura na artéria diminui também a ocorrência de doenças cardiovasculares causadas pela obstrução dos vasos sanguíneos. Não podemos esquecer também que o consumo de isoflavonas é uma excelente alternativa natural na prevenção da osteoporose que ocasionalmente ocorre na menopausa. A diminuição de produção de estrogênio na pós-menopausa causa perda óssea e consequentemente a osteoporose, mas com o consumo de isoflavonas ocorre a reposição hormonal com esses fitoestrogênos.

 Para que você tenha todos os benefícios propostos pelas isoflavonas, recomenda-se o consumo diário de 40 a 60 mg/dia o que equivalem cerca de 32 g da soja. A quantidade de isoflavonas também irá depender da composição, crescimento e da genética da planta de soja. 

Há várias maneiras de consumir soja, uma delas seria substituindo o feijão pela soja cozida ou então substituindo a carne moída pela proteína texturizada da soja. Na proteína texturizada de soja, por exemplo, contém cerca de 138 mg de isoflavona a cada 100 g dessa proteína podendo ser utilizada em quibes, massas e almôndegas. Há opções de soja em saladas e molhos também na forma cozida, sem contar que há também sucos e produtos à base de soja. O importante mesmo é não deixar de consumir soja, seja em qualquer tipo de receita e preferência, desde que consuma também na dose recomendada.

Janine Moraes

Graduanda do curso de Ciência dos Alimentos (ESALQ-USP)

Sob orientação da Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado