20/08/2013 08:44
Como no mundo da moda, os alimentos também seguem algumas tendências. Você como consumidor, pode notar que algumas vezes muito se fala e se expõe de determinado produto, criando assim certo modismo sobre algum alimento. A bola da vez é a Garcinia Cambogia.
Mas o que é a Garcinia Cambogia?
A Garcinia cambogia é uma planta e seu nome é atribuído por ser originária das florestas do Camboja. Suas plantações se expandiram e atualmente seus polos de produção abrangem a Polinésia, sul da África, Índia, Tailândia, Cingapura e Vietnã, podendo ser encontrada com facilidade nos mercados brasileiros.
Pertencente à família das Gutiferácias, a Garcia Cambogia é parente do mangostão e é denominada popularmente como tamarindo de malabar (nome utilizado popularmente em países como Índia) ou goraka. A planta possui como parte comestível seu fruto, que possui tamanho semelhante ao da laranja, sendo constituído por gomos, como seu parente mangostão, tendo cores que variam do amarelo ao avermelhado (quando o fruto encontra-se mais maduro).
A Garcinia Cambogia é utilizada na medicina popular para o tratamento do escorbuto e problemas digestivos, além disso, é utilizada também na conservação de alimentos.
Mas a fama repentina que ela vem adquirindo e atingindo tamanha popularidade se deve ao fato de ser conhecida como redutor de apetite e um importante coadjuvante no controle do ganho de quilos indesejados.
Seus efeitos benéficos à saúde são atribuídos à presença do ácido hidrocítrico (HCA) em sua composição. Alguns relatos científicos demonstram que essa substância possui efeito lipolítico, promovendo a oxidação lipídica, ou seja, eliminação da gordura no organismo, promovendo a perda de peso prevista pelo consumo da Garcinia Camboja.
Porém, como a maioria dos alimentos que caem no modismo das mídias, os efeitos da Garcinia Cambogia ainda não foi bem elucidado. Um estudo recente demonstrou que a Garcinia Cambogia não apresenta resultados significativos quanto à perda de peso. Pesquisadores avaliaram os níveis séricos lipoproteicos (quantidade de lipoproteínas sanguíneas) e o colesterol total em animais experimentais alimentados com extratos (porções contendo um concentrado das substâncias presentes no fruto) de Garcinia Cambogia. Altas concentrações do ácido hidrocítrico não foram capaz de reduzir esses parâmetros de forma suficiente, quando comparados ao grupo controle (animais alimentados sem o extrato da Garcinia Camboja), ou seja, não pode se afirmar que o fruto apresente de fato potencial contra a obesidade.
Alguns estudos apresentam conclusões divergentes a esses resultados, mostrando uma perda de peso promovido pelo consumo dos extratos do fruto. Porém devemos ser cautelosos ao interpretar esses resultados. A maioria das pesquisas realizadas com a utilização dos extratos de Garcinia Cambogia foram realizadas com pequenas amostragens (quantidade de animais experimentais ou humanos insuficientes) e/ou em um curto período de duração. Além disso, as pesquisas demonstraram que nas doses normalmente administradas de Garcinia Cambogia, não houve diferenças em termos de efeitos secundários (como a redução de peso) de forma significativa, quando administrado a humanos.
Portanto, ainda há pouca evidência científica que apoie a eficácia dos efeitos benéficos da Garcinia Cambogia. Tome cuidado consumidor, não é porque um alimento está na “moda” é que de fato ele seja promotor da boa saúde e qualidade de vida.
Antônio Thiago Matos Carvalho Santana
Engenheiro de Alimentos-UFMT
Mestrando em Ciência e Tecnologia de Alimentos-ESALQ/USP
Sob Orientação: Profª. Drª.Jocelem Mastrodi Salgado
Referências: Altiner, A.; Ates, A.; Gursel, F.E.; Bilal, T. Effect of the antiobesity agent Garcinia cambogia extract on serum lipoprotein (a), apolipoproteins a1 and b, and total cholesterol levels in female rats fed atherogenic diet. The Journal of Animal and Plant Science, volume 22, 2012.
Marquez, F.; Babio, N.; Bullo, M.; Salas-Salvado, J. Evaluation of the safety and efficacy of hydroxycitric acid or Garcinia cambogia extracts in humans. Food Science and Nutrition, volume 52, número 7, 2012.
